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OPINIÃO: Sobre o Seminário de Violência Doméstica Contra Mulheres organizado pela Polícia Militar


No dia 18 de outubro, foi realizado o Seminário Regional sobre Violência Contra Mulheres, dando-se ênfase ao trabalho em rede. O seminário ocorreu na sede do 1º Regimento de Polícia Montada, mas foi aberto ao público, onde havia profissionais das áreas da psicologia, assistência social, acadêmicos do Direito, etc, embora os participantes fossem dominantemente policiais militares. Tive a honra de ser uma das palestrantes. O coronel Dutra fez a abertura, com muita sensibilidade e comprometimento, assim como tiveram os organizadores capitão Rodrigo, os patrulheiros da Patrulha Maria da Penha sgto. Eliziane, sd. Etiele e sd. Bidinoto, dentre outros.

Os patrulheiros, temos contato direto dentro da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM), toda a semana, às vezes mais de uma vez por semana, passam para fiscalização de algumas ocorrências com medidas protetivas, consideradas mais graves. Mas por que o seminário foi importante e por que é importante falar sobre ele? No local estavam o juiz Rafael Pagnon Cunha, a promotora Daniela Malmann Paz, da Vara da Violência Doméstica, assistentes sociais, diretora da casa de passagem, psicólogos, policiais militares, dentre outros, que trabalham e enfrentam diariamente a complexidade multifacetária da violência doméstica contra mulheres. Todos naquele espaço e por pouco tempo reunidos, em vários momentos, têm pontos de suas vidas profissionais em convergência.

A importância do evento se dá exatamente por isso, todos nós trabalhamos na luta pela prevenção e coibição da violência contra mulheres, por isso, essencial compartilhar conhecimento. E, neste aspecto, merece dizer que o debate sensibiliza, nele se quebram pré-conceitos e preconceitos, já que as instituições e os profissionais são frutos da sociedade, que ainda se nutre com diversas discriminações. Em nossa sociedade, temos muita desigualdade material entre homens e mulheres, e é esse desiquilíbrio que fomenta a violência doméstica. Em minha palestra, em dado momento, falei que, segundo o último mapa da violência, o Brasil é o quinto país do mundo em feminicídios, temos essa posição vergonhosa, triste, apesar de toda nossa luta, de todo nosso trabalho. Semana passada perdemos uma vida vítima da violência, perdemos uma mãe, uma filha, uma irmã, uma tia, uma mulher, Vanusa Muller, 37 anos, que tinha ainda muito pela frente, muitos sonhos, muito a realizar.

Temos que encarar o problema não como números, precisamos identificar, qualificar, dar nomes. Por isso, toda discussão na sociedade, qualificação de profissionais, é de suma importância. Por isso, importante falar do seminário. Precisamos, ainda, muito mais do que somente a lei penal para combater a violência que dizima a vida de tantas mulheres no Brasil, precisamos de luta e apoio de toda sociedade, da sensibilidade política para efetivação de políticas públicas eficazes para a diminuição desses índices. Precisamos de ação, não de omissão, de comprometimento de todos. Em briga de marido e mulher, as polícias civil e militar "metem a colher", e todos também devem "meter a colher". Você está ouvindo gritos de socorro de uma mulher, não se omita, chame a polícia, faça também a sua parte.

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